Aos 40 anos já é velho? Conta outra.
- Monica Rizzatti
- 9 de mai.
- 3 min de leitura

Li ontem um post no LinkedIn que me tocou profundamente e que, por coincidência, chegou como um presente de aniversário. No dia 8 de maio de 2025, foi eleito o novo líder da Igreja Católica: Papa Leão XIV, que assumiu o pontificado aos 69 anos de idade. Imediatamente, me veio à mente seu antecessor, Papa Francisco, eleito aos 76 anos, mostrando mais uma vez que a maturidade continua sendo uma das maiores fortalezas para quem lidera com propósito, escuta e responsabilidade. Mais uma vez, o mundo volta os olhos para um líder de grande influência global que começa uma missão de impacto imensurável numa fase da vida em que muitos profissionais estão sendo descartados pelo mercado por já terem passado dos 40.
Esse tipo de contraste me faz pensar. Se a Igreja Católica, com mais de dois mil anos de história, elege um novo líder espiritual com base em experiência, maturidade e trajetória de vida, por que tantas empresas continuam tratando os 40 como sinônimo de “fim de linha”?
E essa não é uma exclusividade da Igreja.
Então fica aqui a provocação: você, enquanto profissional de RH, liderança ou gestor, vai continuar seguindo um modelo ultrapassado que ignora o potencial das pessoas
maduras? Ou vai alinhar sua empresa aos exemplos do mundo real, onde a idade é vista como um trunfo, e não um limite?
Agora me diga: por que, então, ainda tem empresa que recusa candidatos com 45, como se tivessem passado do prazo de validade?
Não vamos entrar aqui na polarização política. A questão é outra, mais profunda: como pode o mundo confiar a liderança da maior potência global a alguém com mais de 70 anos, enquanto tem empresa que recusa candidatos com 45?
É aí que entra a contradição.
Todos os Papas já mostraram que maturidade, conhecimento de mundo e visão estratégica não têm idade têm valor.
Enquanto isso, aqui no mundo corporativo, ainda há RH torcendo o nariz para currículo de quem passou dos 40. Como se a experiência fosse um peso. Como se a carreira tivesse um prazo de validade.
Trabalho com gestão de pessoas há mais de 30 anos. Vi modismos irem e virem. Vi gerações entrarem no mercado com pressa e saírem exaustas. E também vi profissionais com 50, 60 anos entregarem resultados consistentes, com equilíbrio, sabedoria e uma serenidade que só o tempo traz.
Aos 40, muita gente começa a viver o melhor da carreira. Porque é quando as certezas já foram testadas, o ego já foi enfrentado, a escuta virou aliada e a pressa deu lugar à consistência. É quando o profissional começa a trabalhar com mais estratégia e menos impulso. Com mais colaboração e menos competição.
Mas aí vem a pergunta que não quer calar: se você tivesse que escolher um líder para sua equipe, seu projeto ou sua empresa… você seguiria o modelo do Papa Francisco, eleito aos 76, ou do presidente Biden, aos 78, ou ainda continuaria descartando talentos com 45 como se estivessem ultrapassados?
Fica o convite à reflexão.
Pessoas maduras trazem muito mais do que currículo. Elas trazem repertório, equilíbrio emocional, inteligência relacional, jogo de cintura e capacidade de tomar decisões difíceis sem drama. Têm clareza de propósito, menos vaidade e mais entrega. E muitas vezes, ainda mais disposição para aprender e crescer, porque sabem que não precisam mais provar nada para ninguém.
Aos 53 anos, posso afirmar: nunca estive tão inteira, tão focada e tão comprometida com o que entrego. E não sou exceção. Sou parte de um movimento de profissionais que não vão aceitar serem empurrados para a margem do mercado só porque alguém decidiu que inovação tem idade limite.
Se você é gestor, profissional de RH ou empreendedor, reavalie: que tipo de liderança você quer? Aquela que brilha aos 25 e se apaga aos 35, ou aquela que ganha força com o tempo e entrega cada vez mais com maturidade?
A idade não define a potência de ninguém. O que define é a capacidade de transformar a si mesmo, sua equipe, sua empresa e o mundo ao redor.
Monica Rizzatti
Diretora Executiva
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