Completamos mais de 40 dias desde as enchentes que nos proporcionaram uma experiência nunca imaginada, destacando a importância da empatia, da resiliência e da ação rápida no enfrentamento de crises.
Quando iríamos imaginar que nosso estado passaria por um desafio como esse, onde o que víamos somente pela TV agora está à frente dos nossos olhos, exigindo uma resposta ágil e compassiva para reconstruir nossas comunidades.
Estamos na fase de limpeza e recuperação, e nós, como profissionais de RH estamos enfrentando o desafio de apoiar nossos colaboradores enquanto navegamos pelas complexidades de contratações e demissões em um cenário pós-desastre. É essencial adotarmos estratégias eficazes para garantir o bem-estar dos funcionários, bem como a continuidade dos negócios. As empresas precisam da gente, nossa área deve estar na linha de frente porque muitos dos colaboradores estão neste período crítico, onde perderam tudo, seja material ou vidas de familiares.
Agora é a fase da retomada da limpeza dos locais, onde estamos realizando uma análise detalhada das necessidades de pessoal em diferentes departamentos. Precisamos identificar as áreas críticas que precisam de reforço imediato e setores onde a carga de trabalho pode ter aumentado devido à enchente. Além disso, muitas empresas estão considerando a contratação de profissionais temporários para lidar com o aumento da demanda de trabalho. Isso pode incluir trabalhadores para limpeza, reconstrução e apoio logístico. Neste momento de retorno, as contratações temporárias ajudam a preencher lacunas sem comprometer o orçamento a longo prazo.
Uma dica para meus colegas de profissão é para priorizarem a contratação de profissionais locais afetados pela enchente. Isso não só ajuda a comunidade a se recuperar economicamente, mas também demonstra o compromisso da empresa com a região.
Como estamos em um momento de urgência para retornar as atividades, outra dica é que possamos tornar o processo de seleção mais ágil, simplificando entrevistas e avaliações, mantendo, porém, a qualidade na seleção dos candidatos, e ainda utilizando tecnologias como videoconferências para facilitar o recrutamento.
É visível a quantidade de profissionais que procuram nossos serviços em busca de uma recolocação no mercado de trabalho. As empresas, sem poder retornar ao seu local, tiveram que desligar muitos colaboradores. Então, se for inevitável proceder com demissões, minha dica é que você planeje cuidadosamente este momento e considere a possibilidade de realocar funcionários para outras áreas ou funções dentro da empresa antes de tomar a decisão final.
A comunicação é chave durante o processo de demissão. Quando não tiver alternativa, informe os funcionários de maneira clara, empática e transparente sobre os motivos e o processo. Ofereça suporte emocional e prático, como aconselhamento de carreira e referências.
Para os que ficam na empresa, ofereçam horários flexíveis ou opções de trabalho remoto para funcionários cujas casas ou rotinas foram severamente impactadas pela enchente. Isto vai ajudá-los a equilibrar suas responsabilidades pessoais e profissionais.
Como forma de amenizar esse processo do impacto financeiro e emocional da demissão, fica a sugestão para a empresa oferecer pacotes de saída justos que possam incluir compensações financeiras, extensão de benefícios de saúde e serviços de recolocação profissional.
Tenho lido sobre muitas empresas, disponibilizarem serviços de apoio psicológico para os colaboradores afetados. Isso pode incluir sessões de terapia, grupos de apoio e programas de bem-estar emocional. A saúde mental dos funcionários é crucial para a recuperação da empresa. Então, caso você tenha a formação, não deixe de ajudá-los. Um contato, uma conversa, uma palavra amiga e acolhedora, faz uma diferença enorme na vida dessas pessoas.
Também considero importante sempre manter os colaboradores informados sobre as ações da empresa para lidar com a situação. Utilize diferentes canais de comunicação, como e-mails, reuniões virtuais, comunicados e informativos internos. A transparência fortalece a confiança e o moral dos funcionários.
Para finalizar, quero dizer que a gestão de Recursos Humanos em um cenário pós-enchente exige sensibilidade, agilidade e planejamento estratégico. As contratações e demissões devem ser conduzidas com empatia e transparência, sempre buscando minimizar o impacto sobre os colaboradores. O suporte emocional que citei acima, a flexibilidade e comunicação constantes são práticas essenciais para garantir o bem-estar dos funcionários e a continuidade das operações.
Ao adotar essas estratégias, os profissionais de RH podem contribuir significativamente para a recuperação e resiliência das comunidades e organizações afetadas e a empresa terá deixado seu legado nesta reconstrução.
Aprendemos uma nova lição na dor e no sofrimento e agora somos muito mais fortes!
Monica Rizzatti
Diretora Executiva de Carreira
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