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O desafio do trabalho presencial no setor de serviços: como atrair profissionais em um cenário de mudança?


Nos últimos anos, o mercado de trabalho passou por uma transformação profunda impulsionada por novas expectativas dos profissionais, avanços tecnológicos e pela experiência do trabalho remoto. Enquanto diversos setores conseguiram adaptar seus modelos e ampliar a flexibilidade, o setor de serviços enfrenta um desafio particular: a crescente dificuldade em encontrar profissionais dispostos a atuar em funções totalmente presenciais.


Essa tendência tem impactado diretamente áreas como Escritórios de Consultoria Tributária, Empresas de Tecnologia, Distribuidoras e muitos outros segmentos que dependem do contato direto com o cliente ou da presença física para o pleno funcionamento das operações.


Por que há desinteresse pelo trabalho presencial?


Não se trata apenas de “preferência”, mas de uma mudança na relação das pessoas com o trabalho. Entre os principais motivos estão:


  • Busca por maior flexibilidade e autonomia: O trabalho remoto ampliou a percepção de equilíbrio entre vida pessoal e profissional, e muitos não querem voltar a modelos rígidos.

  • Custos e desgastes do deslocamento: Tempo de trânsito, transporte caro e insegurança urbana pesam na decisão.

  • Expectativas elevadas de bem-estar e qualidade de vida: Profissionais buscam ambientes de trabalho mais humanizados e saudáveis.

  • Comparação com empresas que oferecem modelos híbridos: Isso cria um novo “padrão desejado” no mercado, mesmo para quem atua em serviços.


O dilema das empresas do setor de serviços


Por outro lado, muitas organizações não têm alternativa ao presencial. A cultura interna, o modelo de negócio e o tipo de atividade exigem a presença física do profissional. Surge então um desafio duplo:


  1. Atrair e reter talentos que não desejam o presencial.

  2. Manter a coerência com a cultura, as políticas internas e as necessidades operacionais.


Frente a isso, a pergunta é inevitável: qual alternativa é viável para equilibrar as expectativas dos profissionais e as demandas das empresas?


Caminhos possíveis para superar o desafio


Embora nem tudo possa ser flexibilizado, há diversas alternativas que podem tornar funções presenciais mais atrativas:


1. Flexibilidade dentro do possível


Mesmo em atividades presenciais, é viável oferecer:

  • horários alternativos;

  • escalas diferenciadas;

  • dias específicos para atividades administrativas em home office;

  • trocas de turno organizadas.


Pequenas flexibilidades geram grande percepção de valor.


2. Benefícios alinhados ao novo perfil do trabalhador


Se o trabalho precisa ser presencial, os benefícios podem compensar:

  • auxílio transporte mais robusto;

  • programas de bem-estar;

  • participação em resultados;

  • plano de carreira;

  • bolsas de estudo;

  • gympass e parcerias de saúde.


Esses itens são hoje mais valorizados do que muitos benefícios tradicionais.


3. Ambientes de trabalho mais modernos e acolhedores


A resistência ao presencial não é apenas sobre estar no local — é sobre como esse local faz a pessoa se sentir. Investir em ergonomia, espaços de convivência, equipamentos adequados e clima organizacional positivo melhora a experiência diária.


4. Lideranças que fortalecem a relação de confiança


Profissionais toleram melhor modelos presenciais quando percebem líderes próximos, justos e capazes de criar um ambiente de aprendizado e reconhecimento.


5. Planos de carreira claros e reais


A possibilidade de evolução compensa restrições de modelo de trabalho. Empresas com trilhas de desenvolvimento e avaliações transparentes têm maior poder de retenção.


Presencial não precisa ser sinônimo de rigidez


O grande ponto é que o trabalho presencial não precisa ser o oposto de flexibilidade. Empresas que conseguem criar modelos híbridos “dentro do possível”, investir em cultura e proporcionar experiências mais ricas são justamente as que têm conseguido atrair profissionais — mesmo para funções tradicionais do setor de serviços.


O desafio é real e tende a crescer. As expectativas dos profissionais mudaram, e o setor de serviços precisa repensar práticas para seguir competitivo.Isso não significa abrir mão do presencial, mas sim redefinir a forma como ele acontece.


O caminho está no equilíbrio: atender às demandas dos profissionais sem comprometer as necessidades do negócio.


Marcos Garcia

Diretor da Ser Humano Consultoria

 
 
 

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