O desafio do trabalho presencial no setor de serviços: como atrair profissionais em um cenário de mudança?
- Marcos Garcia
- há 3 dias
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Nos últimos anos, o mercado de trabalho passou por uma transformação profunda impulsionada por novas expectativas dos profissionais, avanços tecnológicos e pela experiência do trabalho remoto. Enquanto diversos setores conseguiram adaptar seus modelos e ampliar a flexibilidade, o setor de serviços enfrenta um desafio particular: a crescente dificuldade em encontrar profissionais dispostos a atuar em funções totalmente presenciais.
Essa tendência tem impactado diretamente áreas como Escritórios de Consultoria Tributária, Empresas de Tecnologia, Distribuidoras e muitos outros segmentos que dependem do contato direto com o cliente ou da presença física para o pleno funcionamento das operações.
Por que há desinteresse pelo trabalho presencial?
Não se trata apenas de “preferência”, mas de uma mudança na relação das pessoas com o trabalho. Entre os principais motivos estão:
Busca por maior flexibilidade e autonomia: O trabalho remoto ampliou a percepção de equilíbrio entre vida pessoal e profissional, e muitos não querem voltar a modelos rígidos.
Custos e desgastes do deslocamento: Tempo de trânsito, transporte caro e insegurança urbana pesam na decisão.
Expectativas elevadas de bem-estar e qualidade de vida: Profissionais buscam ambientes de trabalho mais humanizados e saudáveis.
Comparação com empresas que oferecem modelos híbridos: Isso cria um novo “padrão desejado” no mercado, mesmo para quem atua em serviços.
O dilema das empresas do setor de serviços
Por outro lado, muitas organizações não têm alternativa ao presencial. A cultura interna, o modelo de negócio e o tipo de atividade exigem a presença física do profissional. Surge então um desafio duplo:
Atrair e reter talentos que não desejam o presencial.
Manter a coerência com a cultura, as políticas internas e as necessidades operacionais.
Frente a isso, a pergunta é inevitável: qual alternativa é viável para equilibrar as expectativas dos profissionais e as demandas das empresas?
Caminhos possíveis para superar o desafio
Embora nem tudo possa ser flexibilizado, há diversas alternativas que podem tornar funções presenciais mais atrativas:
1. Flexibilidade dentro do possível
Mesmo em atividades presenciais, é viável oferecer:
horários alternativos;
escalas diferenciadas;
dias específicos para atividades administrativas em home office;
trocas de turno organizadas.
Pequenas flexibilidades geram grande percepção de valor.
2. Benefícios alinhados ao novo perfil do trabalhador
Se o trabalho precisa ser presencial, os benefícios podem compensar:
auxílio transporte mais robusto;
programas de bem-estar;
participação em resultados;
plano de carreira;
bolsas de estudo;
gympass e parcerias de saúde.
Esses itens são hoje mais valorizados do que muitos benefícios tradicionais.
3. Ambientes de trabalho mais modernos e acolhedores
A resistência ao presencial não é apenas sobre estar no local — é sobre como esse local faz a pessoa se sentir. Investir em ergonomia, espaços de convivência, equipamentos adequados e clima organizacional positivo melhora a experiência diária.
4. Lideranças que fortalecem a relação de confiança
Profissionais toleram melhor modelos presenciais quando percebem líderes próximos, justos e capazes de criar um ambiente de aprendizado e reconhecimento.
5. Planos de carreira claros e reais
A possibilidade de evolução compensa restrições de modelo de trabalho. Empresas com trilhas de desenvolvimento e avaliações transparentes têm maior poder de retenção.
Presencial não precisa ser sinônimo de rigidez
O grande ponto é que o trabalho presencial não precisa ser o oposto de flexibilidade. Empresas que conseguem criar modelos híbridos “dentro do possível”, investir em cultura e proporcionar experiências mais ricas são justamente as que têm conseguido atrair profissionais — mesmo para funções tradicionais do setor de serviços.
O desafio é real e tende a crescer. As expectativas dos profissionais mudaram, e o setor de serviços precisa repensar práticas para seguir competitivo.Isso não significa abrir mão do presencial, mas sim redefinir a forma como ele acontece.
O caminho está no equilíbrio: atender às demandas dos profissionais sem comprometer as necessidades do negócio.
Marcos Garcia
Diretor da Ser Humano Consultoria




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